Indígenas denunciam invasão de terras e uso de mata virgem para pasto no interior do Acre
24/10/2025
(Foto: Reprodução) Povo Noke Koi é composto por 895 pessoas divididas em sete aldeias
Fotos: Marcos Santos/Secom
Após denúncias de suposta ocupação ilegal em áreas indígenas do povo Noke Koi, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, o Ministério Público Federal (MPF-AC) recomendou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e à Polícia Federal que possíveis invasores sejam retirados da Terra Indígena (TI) Campinas/Katukina.
A recomendação, assinada pelo procurador da República Luidgi Merlo Paiva dos Santos, pede que os órgãos façam, em até 30 dias, uma fiscalização no local para destruir estruturas ilegais erguidas dentro da terra indígena. Caso ainda haja pessoas no local, a PF deve lavrar flagrante de crime ambiental e invasão de território tradicional.
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Famoso pelas festividades, o povo Noke Koi fez uma festividade no dia dos Povos Indígenas
De acordo com a denúncia, levada ao MPF pela Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), os invasores estão utilizando área de mata virgem para instalação de pasto, com plantação de capim para alimentar o gado.
A recomendação ressalta que o Ibama chegou a atuar suspeitos em julho desse ano, mas que ainda há indícios de permanência dos ocupantes na área. O g1 não conseguiu contato com eles.
O MPF também determinou que o Ibama e a PF informem, em até 10 dias, se acatarão a recomendação e quais medidas judiciais serão adotadas, caso não haja cumprimento por parte dos invasores.
Polêmica
Em abril de 2024, as obras da construção do “linhão” de energia entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul foram retomadas após manifestações do Povo Noke Koi. Entretanto em março, quando um procurador do MPF-AC, três superintendentes do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Ibama) e quatro funcionários do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf) foram a local, ficaram impedidos de deixar a Terra Indígena.
À época, a informação foi confirmada ao g1, pelo instituto, e no mesmo dia, os funcionários foram liberados. À Rede Amazônica, o cacique da aldeia, Edilson Rosas Noke Koi negou que a comunidade tivesse feito os servidores reféns e disse que apenas estava tentando resolver questões relacionadas as obras executadas na região.
Povo Noke Koi
O povo Noke Koi, é uma comunidade indígena originária do Acre. Atualmente, segundo a Comissão Pró-Indígenas do Acre e Funai, é composta por 895 membros com sete aldeias divididas em duas áreas: TI Campinas/Katukina, em Cruzeiro do Sul e a TI Rio Gregório, em Tarauacá.
As terras em que eles vivem foram demarcadas em 1984 e receberam homologação do Governo Federal em 1993. No local, eles trabalham com sistemas agroflorestais e manejo, mas a principal fonte de renda é a venda de artesanato e produção de milho, arroz e farinha.
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