Após ter a liberdade revogada, empresário não se apresenta à PF e acaba preso na casa da namorada
07/11/2025
(Foto: Reprodução) Empresário foi preso na casa da namorada na manhã desta sexta-feira (7)
Arquivo pessoal
O empresário Johnnes Lisboa foi preso na manhã desta sexta-feira (7) na casa da namorada após não se apresentar à Polícia Federal. A Justiça do Acre revogou a liberdade dele e de Douglas Henrique da Cruz e André Borges, acusados de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa, nessa quinta-feira (6).
Com a nova decisão, Douglas e André se apresentaram ainda na quinta e foram encaminhados para o presídio também nesta sexta. Já Johnnes, teria cortado a tornozeleira eletrônica e não foi encontrado pelos policiais na quinta.
📲 Participe do canal do g1 AC no WhatsApp
Uma equipe policial foi até a casa da namorada dele e cumpriu o mandado de prisão. Os três empresários estavam soltos com monitoramento eletrônico desde setembro.
A advogada Daiane Carolina Dias de Sousa Ferreira, que defende os empresários, negou que Johnnes estivesse foragido. Segundo ela, o empresário se sentiu mal 'em razão de crises gástricas decorrentes de quadro de gastrite, sendo amparado por seus familiares em sua residência', após saber que teria que voltar para o presídio.
LEIA TAMBÉM:
Preso em operação da PF é comissionado em secretaria do Acre com salário de mais de R$ 6 mil
Após prisão de contratante, show do DJ Alok no Acre é cancelado
Investigado em operação contra tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, empresário André Borges é solto no AC
'Inceptio': Empresários que contrataram shows da Expoacre têm liberdade revogada e devem voltar para prisão
A defesa destacou também que, após saber da situação, entrou em contato com um delegado da PF para comunicar que o cliente se entregaria às 8 desta sexta, entretanto, por volta das 5h, a polícia foi até o endereço de um familiar do acusado e efetuou a prisão.
"Já havia sido informado o compromisso de apresentação voluntária", pontuou a advogada.
Daiane assegurou ainda que Johnnes atendeu os policiais e não apresentou resistência, fez tumulto ou tentou fugir. A defesa encaminhou à Justiça um documento explicando que o cliente não tentou fugir ou resistir ao cumprimento do mandato de prisão.
"Evidenciando que, em momento algum, houve qualquer conduta tendente à fuga ou resistência à decisão judicial. Ao contrário, o acusado, por intermédio de sua defesa, manteve comunicação transparente com as autoridades, demonstrando plena disposição em cumprir a decisão da Câmara Criminal e se apresentar espontaneamente", argumentou.
Liberdade revogada
André Bogues (esq.), Douglas Henrique da Cruz (centro) e Johnnes Lisboa são acusados de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa
Reprodução
John Muller Lisboa, Mayon Ricary Lisboa e Johnnes Lisboa, e o sócio e primo deles, Douglas Henrique da Cruz, foram presos preventivamente em setembro durante a Operação Inceptio, que investigou tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Outro preso na ação foi o empresário André Borges, solto quatro dias depois. Seguem presos desde à época da operação John Muller Lisboa, Mayon Ricary Lisboa.
Empresários são presos em operação da PF contra tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
'Inceptio'
A PF deflagrou a operação em Rio Branco, Porto Velho (RO), Ubaí (MG), Camaçari (BA), Ilhéus (BA), Salvador (BA), Cabedelo (PB) e São Paulo (SP).
Os irmãos Lisboa, John, Mayon e Johnnes, e o primo deles Douglas são donos de várias empresas que organizam e promovem eventos no estado. Inclusive, duas empresas de Douglas, a Moon Club RB DHS da Cruz Sociedade LTDA e DHS da Cruz Sociedade LTDA, foram responsáveis pela venda de camarotes privados e por trazer os artistas dos shows da Expoacre Rio Branco 2025.
Já Johnnes Lisboa é diretor geral da empresa Inove Eventos, que havia anunciado a vinda do DJ Alok para Rio Branco. A apresentação, que deveria ocorrer na Arena da Floresta, foi cancelada uma semana após a prisão dos suspeitos.
O empresário e cinegrafista John Muller Lisboa ocupava ainda um cargo em comissão na Secretaria de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict), com salário de mais de R$ 6 mil. Ele foi exonerado no dia seguinte à prisão, em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE).
Presos durante a Operação Inceptio, no Acre e em outros estados
Reprodução
Bloqueio de bens
A Justiça bloqueou mais de R$ 130 milhões em contas bancárias do grupo investigado, e apreendeu bens que valem cerca de R$ 10 milhões. A polícia descobriu que o grupo atuava em seis estados e mandavam grandes quantidades de droga do Acre para o Nordeste e o Sudeste.
O dinheiro do tráfico era movimentado por meio de contas bancárias, criptomoedas e empresas de fachada. Os suspeitos podem responder por tráfico de drogas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
À Rede Amazônica Acre, o delegado André Barbosa, da Delegacia de Repreensão a Entorpecentes da PF-AC, disse que o grupo criminoso atuava no Acre desde 2019 e que o caso foi descoberto durante a investigação de outros crimes.
"Não tem ligação direta com a venda de entorpecente. Eram usadas como mecanismo de instrumentalizar a movimentação de recursos ilícitos, inclusive com origem do tráfico de drogas. Identificamos que tinha um grupo de narcotraficantes que revendia drogas para os estados do Nordeste e Sudeste e para internalizar o dinheiro, utilizava diversas pessoas físicas e jurídicas para lavar dinheiro, incluindo estabelecimentos comerciais", destacou.
Reveja os telejornais do Acre
J